JORGE DOS ANJOS É O GRANDE HOMENAGEADO DO BLOCO AFRO MAGIA NEGRA NO ARRASTÃO MÀRÌWÒ 2024
- 01/02/2024
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Foto: Hudson Assis
Em BH, assina obras como Portal da Memória da Praça de Iemanjá, na Pampulha; o monumento Zumbi Liberdade e Resistência - 300 anos; a obra Aya, Árvore da Vida pela Vida, Centro de Referência da Juventude. Além disso, possui diversas obras no país e no mundo
O designer do aço e artista plástico do ferro Jorge dos Anjos será o grande homenageado do Bloco Afro Magia Negra, durante o Arrastão deste ano. O artista detentor da ciência manipuladora do ferro é reconhecido internacionalmente e suas obras são marcadas pela simbologia e estética negro africana. Jorge dos Anjos fabricou os gans, esculturas sonoras de origem africana, especialmente para o Bloco Afro Magia Negra utilizar no Arrastão Màriwo.
“Jorge dos Anjos possui uma série de simbolaridades artísticas. Ele é pintor, trabalha com pedra e sabão, grafista, desenhista. Mas sobretudo ele conhece a arte ancestral de moldar o ferro, a arte ancestral da forja. Ele traz isso na sua ancestralidade, porque sabemos que a África gerou a humanidade a partir da Metalurgia. Ele transforma o metal em uma obra de arte plástica. Então, a homenagem ao Rei Ferreiro tem a ver com o que ele meirou como artista e também a essa tecnologia africana assentada no estado de Minas Gerais”, explica Marcos Antônio Cardoso, históriador, filósofo, diretor e responsável pela elaboração de textos, concepções e argumentos filosóficos do Bloco Afro Mágia Negra.
Ele ainda ressalta que o ferro também forja a espada e a luta, “E nessa cosmologia, Ogum, o deus da guerra, o deus implacável da luta. Então, nós homenageamos Jorge dos Anjos, exatamente por ele trazer essa expressividade do ferro como uma obra de arte plástica que tem a ver com nossa ancestralidade, com nossa história”, completa.
ESCULTURAS SONORAS – Os Gans que serão utilizadas durante o Arrastão do Bloco Afro Magia Negra terão oacabamento e a assinatura artística de Jorge dos Anjos, na prática se tornaram uma escultura sonora e foram entregues à cúpula do Bloco no último sábado, dia 27 de janeiro, em cerimônia fechada, realizada na capital mineira.
De acordo com fundador do Magia Negra, Camilo Gan, esse instrumento musical é fabricado de ferro de metal, que tem somente uma campana, ou seja, somente uma boca. Tradicionalmente, é tocado dentro das nações do Candomblé. Ele é responsável pela guia sonora dos toques de atabaques do candomblé. É ele que dá o caráter expressivo e a chave rítmica para os toques de Deuses africanos, seja ele na nação Angola, Jeje, Ijexá, Ketu, Congo. Ele é segurado na mão e é tocado com uma baqueta de madeira, chamada de Atori. O Gan é um instrumento que existe há milhões e milhões de anos e chegou ao Brasil trazido pelo povo preto que foi sequestrado no continente Áfricano.
“Na verdade para o bloco é a oportunidade de cada vez mais consolidar o seu comportamento afrobetizador, buscando promover conexões que faz do Magia Negra um porta aviões que guarda, cuida, impulsiona e lança para atmosfera da cultura negra o conhecimento, que não é novidade, mas quase ninguém ainda conhece, direcionando os olhares para além da festa popular entre aspas carnavalesca, utilizando se desse momento para trazer ainda mais a tona nossos grandes expoentes da Afromineiridade”, explica.
Jorge dos Anjos - O artista possui esculturas produzidas em pedra-sabão e madeira, contudo a maioria das obras de Jorge dos Anjos são talhadas e esculpidas plástica e esteticamente na tessitura do ferro, expressão maravilhosa e singular da arte negra em Minas Gerais. Suas peças são influenciadas pelo imaginário africano e tem como características dobras, volumes e recortes. “O ferro também é símbolo de Ogum, o Deus da Guerra”, guerreiro implacável, deus metalurgia e da tecnologia; protetor dos ferreiros, agricultores e caçadores. Ogum se veste do Màrìwò, planta símbolo do nosso arrastão. Então há essa conexão nossa e o trabalho de Jorge dos Anjos e por isso a nossa homenagem”, explica o fundador do Magia Negra, Camilo Gan.
Jorge dos Anjos esculpiu várias obras, a maioria delas com expressões e manifestações culturais negroafricanas, e que estão instaladas em Belo Horizonte. Ele criou o Portal da Memória, monumento feito em homenagem às matrizes culturais africanas na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, mas conhecido como Praça de Iemanjá. Também foi ele que criou o monumento Zumbi Liberdade e Resistência - 300 anos, instalado no início da Avenida Brasil e a obra Aya, Árvore da Vida pela Vida: Memorial pela Vida da Juventude Negra, instalada no Centro de Referência da Juventude.
Muito além da capital mineira, ele possui, muitas obras reconhecidas internacionalmente, estão espalhadas em todo o País em prédios públicos, museus, galerias e coleções e são marcadas pela simbologia e estética negro africana.
Bloco Afro Magia Negra- Criado em 2013 pelo artista plural Camilo Gan, o Bloco Afro Magia Negra reúne pessoas comprometidas com o enfrentamento ao preconceito étnico-racial relacionado ao povo negro. O principal objetivo do bloco é promover a afrobetização por meio da arte e cultura negra, com o intuito de desfazer feitiços racistas. O bloco tem como mascote e inspiração a formiga, um dos seres que possuem o mais alto grau de organização social do mundo animal, e que tem consciência de que sozinhas não são nada, mas, embora muito pequenas, junto com sua comunidade podem exercer força poderosíssima.
Atualmente a banda de rua do Bloco é composta por 80 membros divididos entre músicos dos tambores, instrumentistas de sopros, dançarinas e dançarinos. Ela se manifesta por meio de um ritual designer, trazendo elementos característicos do segmento de blocos afros. Que vem envolvendo e arrastando o público em cortejos, por meio de toques de tambores ancestrais, clarins, dança, água de cheiro (aromas) e banho de pipoca (saúde e sabores).
A banda de palco foi criada em 2015 e apresenta uma feijoada sonora, trazendo um repertório autoral, e de outros artistas negros consagrados no passado, e no presente da cena atual. O estilo musical da banda de palco do magia, é batizada e denominada por Camilo Gan de Aiyê Vision, que tem como característica misturar diversos gêneros da música Negra Mundial, primando por uma construção performática, fundamentada em produzir chaves sonoras, timbres e frequências direcionadas em efervescer a química para a ativação da melanina. A poética é composta de letras de combate ao racismo, que simultaneamente exaltam as tecnologias dimensionais e arquétipos dos deuses africanos e encantados do Brasil.
SERVIÇO
O que é : Desfile do Bloco Magia Negra
Quando: Quarta-feira, dia 14 de fevereiro (concentração 12:00)
Onde: Praça do Magia (Praça Gabriel Passos) Rua Itararé, 96 - Bairro Concórdia/BH
Entrada gratuita